domingo, 15 de fevereiro de 2009

À criança que essa pessoa grande já foi.


Pra que a gente cresce? Se a gente fica bobo, fica feio, fica sério, fica preocupado, fica maldoso, fica chato, fica exigente! Por que eu não posso ficar pra sempre inocente? Por que eu tenho que crescer? Pra que eu vou ter que mudar? Me readaptar. Pra que, se dói tanto?
Por que é mesmo que a gente vira gente grande? Por que a gente não fica criança pra sempre? Por que a gente não mudou pra Terra do Nunca enquanto era tempo?
Agora eu cresci e fiquei crítica. Eu fiquei burra, não sei mais explicar a vida. Nem sei entender as coisas.
Eu fiquei, de repente, ruim, cruel. Eu fiquei fria. Eu fiquei metida, eu não ando mais descalço por que as outras pessoas grandes podem pensar que eu não sei ser grande direito.
Eu busco respostas maiores pra perguntas que são tão simples.
Eu já não tolero o outro, eu não sou tão doce, não sou tão singela. Eu agora gosto de coisa cara, de coisa que as outras pessoas grandes também gostam.
Eu não vejo desenho, não leio revistinha da Mônica. Eu nem sei como são as brincadeiras que eu gostava..
Agora eu me preocupo com as contas no fim do mês, com as notas da faculdade e com o rumo que eu vou dar à minha vida.
Era tudo tão simples! Era tudo tão mágico quando o amanhã não importava.
Agora eu preciso de tempo e não encontro. Eu não sei onde deixei! Preciso da simplicidade de outrora e já não acho. Não sei onde deixei.. Preciso daquele gosto de manga roubada, do calor do asfalto queimando os meus pés, preciso do meu primeiro caderno! Eu queria tanto achar, mas eu não sei onde deixei.. Preciso da Valquíria menina, despreocupada, inocente que eu não sei onde deixei.

4 comentários:

Anônimo disse...

Olha eu aqui denovo, pasmo com as palavras que foram "ditas", abobado com o teu poder de escrever...
Quisera eu não poder crescer, poder ser pra sempre a mesma criança "esperta" que todos gostavam, e o "cientista" da minha Nine. Todavia, o tempo veio à mim com aquela coisa "cruel" que chamamos de envelhecer.
Parei por um instante e pensei: "CRUEL"?? Por quê? Qual será o problema de envelhecer?
Para todas essas perguntas, enconteri uma resposta que saltou como lógica aos meus olhos: Crescer não é triste, nem cruel, muito menos banaliza o ser humano, o problema de tudo está num tal de "senso comum" que nos dita o que devemos fazer. Alem de tudo, é um absurdo ser guiado por algo tão tolo quanto o senso comum, tudo bem que há sabedoria na multidão de conselhos, mas, creio eu, que para a atual sabedoria convencional, haja um tipo de discrepância atípica e tirana que nos faz intentar por coisas banais, simplesmente porque todos têm, ou fazem, ou usam.
Não me aposso desse "box" de comentário para refutar ou para criticar (gerar mais uma polêmica), quero deixar claro que eu concordo piamente com as palavras da autora, mas, aos olhos deste humilde pré-economista/pseudo-músico que vos escreve, tem algo mais que nós sempre esquecemos de lembrar, a culpa não está no tempo, por passar. A culpa não está nas responsabilidades que tomamos ao crescer... E digo mais, em parte essa culpa é do senso comum (ou sabdedoria convencional... ou outro nome que vos seja aporouve), sim... em parcela... o senso comum nos banaliza e como plenos seres humanos (para nossa própria desgraça) aceitamos tudo calados, mudos; ressentidos por dentro - sim - mas, sem expressar nem contar para parecermos menos ridiculos aos olhos alheios.
É uma tristeza perceber isso, no entanto é uma alegria saber que, se isso mudar na cabeça de duas ou três pessoas no futuro e em longo prazo tenhamos humanos mais livres desse senso comum que distrói o interior para tentar construir um exterior.

Anônimo disse...

Eu não caibo mais nas roupas que eu cabia
Eu não encho mais a casa de alegria
Os anos se passaram enquanto eu dormia
E quem eu queria bem me esquecia

Será que eu falei o que ninguém ouvia?
Será que eu escutei o que ninguém dizia?
Eu não vou me adaptar, me adaptar

Eu não tenho mais a cara que eu tinha
No espelho essa cara já não é minha
É que quando eu me toquei achei tão estranho
A minha barba estava deste tamanho

Será que eu falei o que ninguém ouvia?
Será que eu escutei o que ninguém dizia?
Eu não vou me adaptar, me adaptar
Não vou me adaptar!
Me adaptar!

Acho que o Nando tava pensando a mesma coisa quando escrveu isso....

bjo Val!

Anônimo disse...

Eu acho que crescer é uma dádiva!
Mas, como tudo em nossa vida, as circunstâncias vêm incluídas no "pacote". É só lembrarmos o quanto era chato quando éramos crianças e tínhamos que sair para os mesmos lugares que nossos pais (obrigatoriamente). Não tínhamos poder de escolha. Éramos vestidas de acordo com o gosto de nossas mães e por aí vai....
Prefiro o crescimento: lutar, escolher, indagar, quebrar a cara e ser feliz! Porque eu quero e não porque outra pessoa desejou isso para mim. Amei seu texto, Val. Rende uma boa reflexão. Beijos!

Anônimo disse...

Eu acho que crescer é uma dádiva!
Mas, como tudo em nossa vida, as circunstâncias vêm incluídas no "pacote". É só lembrarmos o quanto era chato quando éramos crianças e tínhamos que sair para os mesmos lugares que nossos pais (obrigatoriamente). Não tínhamos poder de escolha. Éramos vestidas de acordo com o gosto de nossas mães e por aí vai....
Prefiro o crescimento: lutar, escolher, indagar, quebrar a cara e ser feliz! Porque eu quero e não porque outra pessoa desejou isso para mim. Amei seu texto, Val. Rende uma boa reflexão. Beijos!