Na dança dos anos, aproxima/retrai. Quando não é parece ser, quando é.. Quando é? Sempre é. É quando eu sonho, quando espero, quando me permito, quando não vigio, quando me contento. Não é. Não é? Mas o que é? Tem nome? Qual sua cor? Seus adjetivos, seu cheiro? Só sei onde mora. Nem onde nasce, nem onde morre. Se é que morre, se é que nasceu. Eu só sei onde mora. No bailar do tempo, quando parece que fica, se vai. E se vai, fica. Não arreda pé. Me ensina a perder. Me ensina a perder? Me ensina a perder! enSina a pErdeR.
terça-feira, 3 de maio de 2011
Arma-dura.
EU conheci um ser humano que entrou em um quarto pra morar. Não se sabe que dia foi, nem por que razão. Só se sabe que de lá não saiu mais, pelo menos até então. O interessante é que onde ia levava consigo seu quarto. Aquele quarto bonito, onde ninguém mais podia entrar. Quem olhava, duvidava: "Será que tem gente aí?"
Inextrincáveis eles viviam: O ser humano dentro do quarto. Se falava, era lá de dentro. De dentro do quarto. Se queriam ouví-lo, necessário era chegar bem perto. Bem perto do quarto.
Instalado o frio, desacostumando ao calor, qualquer contato passou a assustá-lo - tal qual um bicho desses que se vê. Bicho que recua se você se aproxima demais. Dos bichos que te atacam querendo se defender, quando - na verdade - só não sabem o que fazer.
Só que alguma coisa aconteceu dentro de suas paredes inabaláveis. Não se sabe se mais irresistível foi o barulho lá fora ou mais obsoleto o silêncio aqui dentro. Achava que já não bastava ser humano e quis ser-no-mundo. Ser fora, ser-para-fora, ser-para-eles, ser-com-eles. Algo estava para acontecer. O ser humano em questão, que já não se aguenta em sua solidão, resolveu sair pra brincar.