segunda-feira, 28 de julho de 2008

Empatia: estado de alma.


Hoje estava assistindo televisão e passei rapidamente pelo programa da Sônia Abrão. Não é o tipo de programa que me apetece (acho sensacionalismo barato), mas a matéria que estavam exibindo no momento não me permitiu mudar de canal. Era sobre Frederico, um rapaz de 26 que sofre de esquizofrenia. Ele "vivia" acorrentado em um cômodo vazio pela própria família por que quebrava tudo em casa e engolia pequenos objetos como chaves, pedaços de arame, pregos. A mãe, que era quem ajudava o pai a cuidar do rapaz, morreu no início do ano em decorrência de um derrame. As pessoas que cuidam dele agora são o pai, o irmão e a cunhada.

A esquizofrenia é uma doença mental grave que se caracteriza classicamente por uma coleção de sintomas, entre os quais avultam alterações do pensamento, alucinações (sobretudo auditivas), delírios e embotamento emocional com perda de contato com a realidade, podendo causar um disfuncionamento social crônico.

Frederico não é capaz de comer sozinho, de tomar banho, de conviver com as pessoas. Seu "quarto", lugar onde fica o tempo todo, é um cômodo vazio, ocupado apenas por ele e a corrente na qual fica o tempo todo preso. Somente à noite seus familiares colocam um colchonete para ele dormir e cobrem-no. Frederico oferece muito risco para si mesmo e para qualquer pessoa, inclusive sua família. Já fora internado algumas vezes e voltou para casa porque os médicos disseram que o problema era crônico e não poderiam mantê-lo sob seus cuidados. No meio da entrevista com seus parentes, Frederico começou a gritar. Ele esbravejava palavras difíceis de compreender e sem sentido algum. Em dado momento, o repórter foi até o local onde ele estava. Então eu tive a visão de um Frederico abandonado, preso, sem os dentes, insalubre, sem dignidade, se movendo aleatoriamente e dizendo coisas sem nexo algum.

Enquanto o repórter ia fazendo perguntas ao pai e ao irmão, Frederico parecia prestar atenção, sempre se movendo, sempre balbuciando algo incompreensível. Então o repórter indaga ao irmão que deve ser difícil ver seu irmão nessa situação. Ele começa a chorar, com a dureza característica de um homem, e diz: "Além de meu irmão, ele era meu melhor amigo. Ninguém nos via sozinhos, sempre estávamos juntos. Eu perdi o meu melhor amigo."

Nesse momento.. Nesse exato momento, foi como se o problema fosse meu! Era como se o irmão fosse meu, como se a responsabilidade fosse minha! Já não era só a vida deles e a tristeza deles, mas aquilo despertou em mim o mais extraordinário sentimento que, em minha opinião, pode existir: a empatia.

O dicionário define empatia como a capacidade psicológica para se identificar com o eu de outro, conseguindo sentir o mesmo que este nas situações e circunstâncias por esse outro vivenciadas. E é isso mesmo. Ver o mundo com os olhos de outra pessoa, do jeito que essa pessoa vê. Inclusive ver a nós mesmos. Diferente da simpatia, que pressupõe solidariedade, a empatia pressupõe compreensão. Quando não se cria empatia em uma relação, não há verdadeiramente um diálogo, e sim dois monólogos ocorrendo simultaneamente. Algumas situações não podem ser mudadas. Não será a sua preocupação ou o seu amor a chave mestra que, em um movimento mágico, tranformará as circunstâncias que abatem a vida das pessoas. Há uma frase antiga, que li há bastante tempo e não pude me esquecer. Ela elucida o que quero dizer: "Com um amigo é bem mais fácil esperar a chuva passar." Algumas vezes tudo que se precisa é ser amparado por um amigo. É saber que, embora a noite esteja fria e escura e a chuva gelada demais, você não está sozinho. Sinta pena das pessoas tristes e compreenda o imenso vazio dos solitários, ainda que você pense que não pode fazer nada por eles. Em algum momento de sua vida você esperará uma atitude semelhante a essa e verá o poder curador que existe na empatia.

Obrigada aos amiguinhos que acompanham esse blog e enchem minha bola com seus elogios. Se vocês soubessem como sou insuportável não fariam isso! rs. Brincadeiras à parte, espero ter sempre algo interessante a falar a ponto de merecer essa atenção a mim destinada.
Gosto de escutar, e de dizer sempre que me sinto capaz, mas é a palavra escrita que melhor entende a minha imperícia. A palavra é um dom que muito ambiciono e esses lisonjeios são os meus primeiros louros.
Beijos dessa aspirante a filósofa. =)

domingo, 27 de julho de 2008

É sempre mais escuro antes do amanhecer.


As coisas vão acontecendo e, inevitavelmente, nos fazendo pensar. Raciocinando sobre minha própria vida e de algumas pessoas que me cercam, tenho refletido sobre certos aspectos que, embora tão relevantes, só agora percebo com clareza. Descobri que se você não for feliz com o que tem e com o que é, dificilmente haverá alguma coisa no mundo que te faça feliz. Se basear sua felicidade em alguma coisa externa a você mesmo ou em alguém, estará condenado a uma, quem sabe, eterna clausura, a um infindável vir-a-ser, uma busca constante de algo que te complete. A vida é repleta de possibilidades! Se você se fecha em copas diante de uma situação ruim ou desfavorável, muito provavelmente não será capaz de perceber as inúmeras chances que ainda lhe restam. Seus olhos estão ocupados se preocupando. Todas as respostas que você procura já estão aí, dentro de você. É o fundamento da Maiêutica Socrática e se aplica a tudo na vida. Veja!

Esses dias estava lendo a respeito de Randy Pausch. Esse homem estava no auge de sua carreira, casado e pai de três filhos pequenos quando descobriu que tinha câncer no pâncreas e estava condenado a apenas 6 meses de vida. Randy disse que se fosse pintor, faria um quadro; se fosse músico, comporia uma canção, mas como era professor, resolveu dar uma aula: "A última lição." A última de sua vida. Dentre inúmeras coisas que estamos enfadados de saber, mas que não prestamos atenção por pensar que somos imortais, ele diz: "Não podemos mudar as cartas que nos dão, apenas como vamos jogar aquela mão." Randy morreu no dia 25 de julho, aos 47 anos. Mas sabem de uma coisa? Acredito que ele fez o que queria fazer, ele esgotou suas oportunidades! E foi feliz com o que ainda lhe restava. A vida nem sempre é justa, mas.. Você ainda tem as cartas. O que vai fazer com elas?


Lembre-se: Não se acostume com o que não o faz feliz. Só se vive uma vez, e você não terá outra chance de fazer sua vida valer a pena. Faça hoje.

terça-feira, 8 de julho de 2008

Conhece-te a ti Mesmo.


Um guerreiro samurai, conta um velha história japonesa, certa vez desafiou um mentre Zen a explicar o conceito de céu e inferno. Mas o monge respondeu-lhe com desprezo:
_Não passas de um rústico... não vou desperdiçar meu tempo com gente da tua laia!
Atacado na própria honra, o samurai teve um acesso de fúria e, sacando da bainha a espada, berrou:
_Eu poderia matar-te por tua impertinência!
_Isso - respondeu calmamente o monge - é o inferno.
Espantado por ver a verdade no que o mestre dizia da cólera que o dominara, o samurai acalmou-se, embainhou a espada e fez uma mesura, agradecendo ao monge a intuição.
_E isso - disse o monge - é o céu.

O súbito despertar do samurai para seu estado de agitação ilustra a crucial diferença entre alguém se ver presa de um sentimento e tomar consciência de que está sendo arrebatado por ele. A recomendação de Sócrates - "Conhece-te a ti mesmo" - dirige-se a essa pedra de toque de inteligência emocional: a consciência de nossos sentimentos quando eles ocorrem.

Falaremos mais sobre isso..

Psicologando.


Psicólogo não adoece, somatiza.
Psicólogo não estuda, sublima.
Psicólogo não fofoca, transfere.
Psicólogo não conversa, pontua.
Psicólogo não fala, verbaliza.
Psicólogo não faz amor, liberta a libido.
Psicólogo não é indiscreto, é espontâneo.
Psicólogo não dá barraca, surta.
Psicólogo não tem ideias, tem insights.
Psicólogo não resolve problemas, fecha gestalts.
Psicólogo não pensa nisso, respira nisso.
Psicólogo não muda de interesse, muda de figura e fundo.
Psicólogo não come, internaliza.
Psicólogo não pensa, abstrai.
Psicólogo não é gente, é um estado de espírito.
Psicólogo não elogia, reforça .
Psicólogo não fica de mal, põe em extinção.
Psicólogo não troca as bolas, generaliza.
Psicólogo não dá toque, discrimina.
Psicólogo não puxa a orelha, pune.
Psicólogo não dá exemplo, faz modelação.
Psicólogo não é sincero, é assertivo.
Psicólogo não seduz, faz aproximações sucessivas.
Psicólogo não surpreende, libera reforço intermitente.
Psicólogo não finge, faz ensaio comportamental.
Psicólogo não sente, emite comportamentos encobertos.
Psicólogo não perde medo, dessensibiliza.
Psicólogo não fica a perigo, sofre privação.
Psicólogo não é porreiro, é reforçador
Psicólogo não muda de vida, opera no ambiente.
Psicólogo não melga, libera reforço contínuo.

quinta-feira, 3 de julho de 2008

E o futebol corre nas veias!


Ontem aconteceu uma coisa diferente.. Inusitada!

Estava eu tranqüila da vida vendo a novela, sabendo que depois vinha o futebol. Todo mundo sabe o quanto odeio futebol, não faço questão de esconder isso. Final da “Libertadores”. Fluminense precisa de dois gols de diferença para ir à prorrogação (estou reproduzindo fielmente o que disseram ontem). Me bateu aquela má vontade.. “Tanta coisa boa pra passar e eles tem que passar logo esse futebol?! Saco!"

Nisso terminou a novela. Permaneci na Globo, talvez por preguiça de tirar o braço debaixo da coberta e pegar o controle (tava frio! Me crucifiquem!). Aí, minha gente, vi aquele Maracanã lotaaado (cerca de 80 mil torcedores, se não me engano). Coisa linda, viu! Não existe mesmo povo que ame mais futebol que o brasileiro. Se existe, não tenho notícia. E não há nada que congregue mais o brasileiro que futebol. É como se fossem todos um só! Aquela confusão de fogos, gritos, fumaça, gente feliz! Não consegui mudar de canal. Fiquei ali, contemplando aquele povo esperançoso com faixas: "EU ACREDITO!" Já estava rendida.. "Ai, Doutor, eu não me engano!" Meu coração já era FLUMINENSE!

Começa a partida. Eu ali, meio cabreira, sem saber ainda por que não fui ver o que tava passando nos outros canais, sem entender o motivo dos impedimentos.. Cinco minutos: o balde de água fria. LDU 1x0. E eu toda aflita! Meu Deus! Pra que? As únicas vezes que fico inclinada a essa paixão futebolística é nas finais de copa do mundo. Ah, aí sou brasileira mesmo! De gritar! De falar mal da mãe do juiz! De esbravejar com jogador! De chorar..

Bola rolando, coração batendo forte, ansiedade, ganas de roer unha! Fluminense empata o jogo! “GLÓRIA A DEUS!” Foi a minha interjeição. E a cada possibilidade de um novo gol, que sofrimento! Quem gosta de futebol tem que ter um coração muito forte.. Tiago Neves correndo com ares de herói. Naquele momento não havia niguém mais imponente que ele nesse mundo. Era o Brasil e Tiago Neves.

O jogo foi "fondo". Ainda resisti bravamente por um tempo. JOGAÇO, VIU!! Muita emoção, muito desespero, muita chance de gol.. Só que não aguentei e dormi. Foi bom não ter visto até o fim, hoje tive a notícia ruim: "Cevallos brilha nos pênaltis, e o título é da LDU." Não gosto de ver ninguém sofrer. É assim em tudo que nos entregamos demais, que esperamos demais, que temos muita expectativa. Quando ela se frustra, você padece, meu amiguinho.

Termino aqui minha resenha dessa minha noite de torcedora apaixonada com o comentário de Renato Gaúcho (técnico do Fluminense) acerca da derrota do time: "Foi o maior nocaute desde a perda do meu pai." Forte isso.